Gente que veio, gostou e sempre que pode dá uma passadinha por aqui

sábado, 31 de março de 2007

10) Meninas e meninos

Foto Lugoca

Em uma noite desta semana, presenciei uma cena em frente a um restaurante da Região Centro-Sul de BH que muitos pais nem se dão conta de que fazem com suas filhas. Um jovem casal, bem vestido, conversava à beira da calçada, em frente ao restaurante, como se aguardasse alguém para entrar e se sentar a uma das mesas. Perto deles, uma garotinha aparentando ter 4 anos, com um vestidinho amarelo e sapatinhos brancos, jogava capoeira no meio da calçada. Pela desenvoltura com que ela se atirava ao chão para os passos de capoeira, tudo indicava que fazia aula em alguma academia.
O mais louco foi que a mãe, entretida na conversa com o pai, quando percebeu que a filha fazia piruetas, virava de cabeça para baixo, suspendia o vestido e mostrava a calcinha sem a menor preocupação ou maldade, abandonou o papo com o suposto marido, agarrou a menina pelo braço e começou a sacudi-la, dizendo que não podia fazer aquilo, que não era coisa de garota, que precisava se comportar...
A maioria de nós já presenciou uma cena como essa. Os pais podam as meninas de serem serelepes, naturais, e incentivam os meninos a fazê-lo. Quando pequenininhos, os garotos são incentivados e aplaudidos ao descobrirem o "pinto". Os pais logo dizem que é sinal de virilidade, de que o filho é macho. Já as garotas, levam logo um tapa na mão e outras violências quando, seguindo o mesmo instinto, tocam na "perereca".
E assim a mulher começa a ser tolhida, diminuída em comparação ao homem. Ainda bem que muitas são fortes o bastante para ir resolvendo isso ao longo da vida, aprendendo a caminhar ao lado deles, ou sem eles.

terça-feira, 27 de março de 2007

9) ...after pain...

Foto Lugoca


Why worry, there should be laughter after pain
There should be sunshine after rain
These things have always been the same
So why worry now?
(Dire Straits)

segunda-feira, 26 de março de 2007

8) Eu poeta

Foto Lugoca


Quartz

Ando pela cidade
e a cidade anda por mim
e foge de mim
se assusta comigo,
pica de átomo,
parte do todo.
E me embrenho em seus odores
Me aconchego às umidades
Sinto o cheiro dos seus becos
e me apaixono.
Perfumados becos
Sem olhos, sem bocas
Eu os engoli.
Devorei todos,
um a um.
Quis assim.
E quero mais perfume,
que me reabasteça o sentido
e seduza por mim
as estrelas daqui,
nos becos daqui.

domingo, 25 de março de 2007

7) Praça da Estação

Foto: Lugoca



Nada me ajudou a aprender mais coisas sobre a vida do que o amor. Amar, quando é verdadeiro, é uma troca inexplicável. Pena que nós, na nossa fragilidade humana, nem sempre apreendemos tudo. E, pena maior ainda, que o amor nem sempre é eterno como a gente sonha. Mas continuo acreditando que não tem nada na vida melhor do que amar.



sábado, 24 de março de 2007

6) Amor incondicional

Foto: Lugoca


Ninguém jamais vai nos amar tão verdadeira e desinteressadamente quanto nossos bichos de estimação. Nada mais querem do que nosso carinho, nossa presença, nosso cheiro...
O amor é mesmo dúbio. Ao mesmo tempo em que é complicado e faz sofrer, por outro lado, é tudo o que todo mundo sonha.
Desconheço alguém que não queira ter um amor. Mas conheço poucos que dão conta de amar de verdade.
É um sentimento complicado, mesmo. Mas é uma dádiva saber vivê-lo.
Há pessoas que sabem. Um brinde a elas!

sexta-feira, 23 de março de 2007

5) Praça da Liberdade

Foto: Lugoca


A tristeza me amordaça. Fico sem palavras.

quinta-feira, 22 de março de 2007

4) Dia lindo na Praça do Papa

Foto: Lugoca


Outono com muito sol em BH.
Dias mais claros, cheios de luminosidade e sem as águas de março.
Elas caíram antes. Vieram de outubro a fevereiro. Prepararam o verde e os outros tons para a estação que acaba de começar.
Tudo isso é divino. Também traz felicidade.
Os brilhos e detalhes do lugar em que se vive.
A visão do céu azul pouco pontilhado de branco pelas nuvens.
O alvoroço das pessoas, animadas pelo calor e pelo abraço das cores.

Saber enxergar essas coisas ilumina a alma, oxigena os poros, alegra a vida.

Atrelando à poesia, o grande Manoel de Barros, do alto de seus 91 anos de experiências, sabe como poucos apreciar e se energizar com as coisas da natureza. Afinal, dedica sua obra a isso:


Mundo Pequeno

O mundo meu é pequeno, Senhor.
Tem um rio e um pouco de árvores.
Nossa casa foi feita de costas para o rio.
Formigas recortam roseiras da avó.
Nos fundos do quintal há um menino e suas latas maravilhosas.
Todas as coisas deste lugar já estão comprometidas com aves.
Aqui, se o horizonte enrubesce um pouco, os besouros pensam que estão no incêndio.
Quando o rio está começando um peixe,
Ele me coisa
Ele me rã
Ele me árvore.
De tarde um velho tocará sua flauta para inverter os ocasos. (...)

("O Livro das Ignorãças" - Ed. Civilização Brasileira.I)

Pelo Dia da Água, hoje.

Que saibamos valorizar esse bem de preciosidade ímpar.
Como diz minha amiga Betola: imagina se um dia chegarmos em casa e só tivermos um paninho úmido para passar pelo corpo? Sem nada de banho.
Deixando as brincadeiras de lado, precisamos lembrar que já tem gente no mundo sem acesso à água potável até para beber. Vamos agir. Temos obrigação de não desperdiçar.



quarta-feira, 21 de março de 2007

3) Somos um turbilhão de energias...

Foto: Lugoca


Acabo de falar com um amigo muito querido sobre algo em que sempre acreditei:
somos um turbilhão de energias.

Acreditar nisso me faz ter certeza de que nossa alma, nossa emoção, só pode ser eterna.
Basta fechar os olhos pra sentir que uma infinidade de pontos e sensações se movimentam de um extremo ao outro do nosso corpo material.
Acho que a consciência disso também ajuda a compor a felicidade. Saber dar valor a cada uma dessas pequenas circunstâncias nos faz felizes.


Quando a gente amadurece, o que não é uma contagem necessariamente cronológica, tem mesmo a chance de conseguir paz nas pequenas coisas.

Em certas fazes da vida, temos certeza de que isso é conto de fadas. De que ser feliz é para poucos.
Mas não é.

Estamos nesta vida única e exclusivamente para isso. Temos a chance diária de aprender que a felicidade está no sorriso do caixa do supermercado, na lambidinha do cachorrinho de casa, em ter um amor, em trabalhar no que dá prazer, em pagar as contas no fim do mês... Enfim, em aprender a valorizar o que parece corriqueiro. De verdade, sem demagogia. Com o coração.

terça-feira, 20 de março de 2007

2) Pôr-do-sol de casa é um poema


Foto: Lugoca


Amo poesia.
Sempre amei. Mas a deixei meio esquecida.
Fase, talvez.
Nada tão definitivo, porque o ritmo da poesia bate às portas da minha emoção em vários momentos ao longo dos dias.
Parece que a gente nasce mesmo poeta.
A gente nasce um monte de coisas. Mas acho que nasci poeta. Ou poetisa, diriam as chegadas ao feminismo.
Tanto faz. Tudo é rima.
Antes de trazer minha poesia milimetrada a este espaço, confesso que Fernando Pessoa, Adélia Prado, Manoel de Barros e Bruna Lombardi (é...aquela atriz, dos olhos verdes) estão entre os que mais me tocaram.
Bruna, aliás, é um caso à parte, do qual ainda vou falar aqui, já que uma minoria conhece seus riquíssimos dotes poéticos.
Hoje, abro minha casa, meu dia, minha noite à mineira Adélia Prado, paraninfa (orgulho eterno) da minha formatura em Jornalismo, a quem tive o prazer de encontrar, eu e Prí, em uma bela peça do Festival de Teatro de Bonecos em BH.

Eis a divinopolitana Adélia Prado:

Objeto de amor

De tal ordem é e tão precioso
o que devo dizer-lhes
que não posso guardá-lo
sem a sensação de um roubo:
cu é lindo!

Fazei o que puderdes com esta dádiva.
Quanto a mim dou graças
pelo que agora sei
e, mais que perdôo, eu amo.

segunda-feira, 19 de março de 2007

1) Fazer a vida leve é o segredo

Foto: Lugoca

O melhor de viver é a chance de aprender e crescer a cada dia.
E aprendemos com todo e qualquer ser vivo que cruza nosso caminho.
Qualquer pessoa que nos dirija um sorriso, nos diga bom dia, nos peça perdão, nos ofereça ajuda está acrescentando maravilhas em nós.
Muitas vezes, elas passam despercebidas.
Mas quando entendemos o quanto ser gentil com o outro, seja ele quem for, pode nos tornar melhores, ficamos mais perto da felicidade.
Ser feliz pode ser mais simples do que imaginamos. Longe de mim ter a pretensão de conhecer a receita exata.
Até que gostaria. Mas acho que passa mesmo pela simplicidade.