Foto: Álbum de família
Depois de alguns equívocos, nos quais,
no afã de dar a notícia em primeira mão,
a imprensa acabou se precipitando ao
anunciar inocentes como culpados
- muitas vezes, por divulgação afobada pelas fontes -,
os meios de comunicação brasileiros
têm sido mais que cautelosos no caso
do assassinato da garotinha
Isabella Oliveira Nardoni.
Mas, confesso que, como integrante
da imprensa brasileira, temo que a
barbárie cometida contra Isabella e
sua verdadeira família, os Oliveira,
fique impune.
Até então, todos os indícios apontam
como suspeitos o pai da menina, Alexandre
Nardoni, e a madrasta, Ana Carolina Jatobá.
Dados mais recentes, apurados pela polícia
técnica de São Paulo, onde ocorreu o crime,
afirmam que uma fralda e uma toalha encontradas
no apartamento do casal guardavam restos de
sangue da menina, apesar de terem sido lavadas.
Além disso, os peritos confirmaram que a marca
de chinelo sobre a cama da qual Isabella foi jogada,
do sexto andar do prédio, é do pai, Alexandre.
Enfim, até agora, não há qualquer base concreta
que sustente a tentativa da defesa de provar que
uma terceira pessoa teria praticado a monstruosidade
de assassinar Isabella.
Meu temor, no entanto,
e acredito que de toda a sociedade brasileira,
é que, caso persistam todas as evidências
de que o pai e a madrasta tenham sido capazes
de cometer tal atrocidade, por se tratarem de pessoas,
de certa forma, endinheiradas,
capazes de pagar bons defensores,
os culpados não cheguem a ser punidos.
Tenho escutado muita gente dizer que já está cansada
de ouvir falar do caso, que a imprensa nos
está bombordeando com ele por se tratar de gente
da classe média, mas tenho uma visão mais ampla
sobre isso. Acho que essa história deve servir de mote
para combatermos com veemência a violência contra
as crianças neste país. Afinal, por se tratarem,
os até então acusados, de dois adultos que
tiveram todas as oportunidades de estudo e
de qualidade de vida, é ainda mais inaceitável
que possam ser os culpados.
Não quero dizer que quem mal tem dinheiro
para comer teria mais motivos e desculpas para
assassinar o filho. De forma alguma.
Enfim, todos esperamos que haja justiça, sejam
quem forem os assassinos de Isabella. A menina,
aliás, ainda de acordo com os últimos dados
divulgados pela polícia de São Paulo, teria voltado
para casa, depois de vários finais de semana com o
pai e a madrasta, com marcas de mordidas e
beliscões pelo corpo. Perguntada pela mãe sobre
quem teria feito aquilo com ela, a pequena afirmava
sempre, conforme depoimento de Ana Carolina Oliveira,
mãe de Isabella, à polícia, que teria sido o irmãozinho.