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quarta-feira, 31 de outubro de 2007

75) O que virá

Foto Lugoca




Estou entre as pessoas mais privilegiadas e felizes do mundo e de nada tenho a reclamar. Tenho saúde, consciência, um bom emprego, os amigos que mereço e fé. Tenho um amigo verdadeiro, pai de uma filha cega, que não vê o pôr-do-sol, o mar, as estrelas, o azul do céu e, ainda assim, sorri e sabe ser feliz. Obrigada Deus, pelo que sou e pelo que virá.








terça-feira, 30 de outubro de 2007

74) Os "trem" dos mineiros

Foto Lugoca


Ser mineiro é mesmo um trem. "Num" tem jeito.
Semana passada, depois de ter ido várias vezes ao Rio de Janeiro de carro e algumas poucas de avião, peguei um Cometa de volta da Cidade Maravilhosa, em meio àquela chuvarada que caía lá, e, livre das exigências do volante mas perto do chão, pude reparar melhor na paisagem.
E qual não foi minha surpresa?
Vi umas cinco marias-fumaças diferentes pelo caminho, todas puxando vagões de carga, provavelmente minério-de-ferro e grãos.
Nunca tinha visto tantas em um só dia.
Apesar da minha familiaridade com trens, mineirona que sou, fiquei encantada.
Tentei fotografá-las de dentro do Cometa, que, rápido como ele só, as deixava logo para trás e não ajudava muito na qualidade das imagens que eu captava.
Minha avó materna, Luiza, já teve que me repetir várias vezes uma história que, no fundo, adorava contar. Ela lembrava que seu pai, meu bisavô, criador de gado no interior de Minas, ainda no século 19, vendia carne aos ingleses embarcando o produto em um trem até o Rio de Janeiro, de onde seguia de navio, obviamente, para a Inglaterra. Parece-me que a carne era salgada para resistir à viagem.
Essa é apenas uma das historinhas sobre os trens na minha vida.
E quem de nós, nascidos nestas Alterosas, não tem algum trem pra contar sobre essas máquinas tão fortes e pesadas quanto nossas montanhas?


segunda-feira, 29 de outubro de 2007

73) Arnaldo Jabor e a felicidade

Foto Lugoca



Gosto tanto de escrever quanto de ler.
E admiro aqueles que usam o espaço que têm na mídia, invasora das nossas vidas, para tentar abrir nossos olhos para a essência de viver.
É por isso que tomo a liberdade de reproduzir em seguida parte de um belo texto do cineasta Arnaldo Jabor sobre felicidade, publicado dia 23 de outubro, no jornal 'O Globo'. Vale a pena ler.

"Antigamente, a felicidade era uma espécie de 'missão' a ser cumprida, a conquista de 'algo maior' que nos coroasse de louros, a felicidade demandava o 'sacrifício', a renúncia, a luta contra obstáculos. A idéia de que a felicidade se 'constrói' ficou para trás. Hoje, felicidade é ser desejado.
A idéia de felicidade não é mais interna, como a dos monges, ou a calma vivência do instante, ou a visão da beleza. Felicidade é entrar num circuito comercial de sorrisos e festas e virar alguém a ser consumido. Felicidade é ter um bom funcionamento. (...) Hoje, nós somos extensões das coisas. Fulano é a extensão de um banco, sicrano comporta-se como um celular, beltrana rebola feito um liqüidificador. Assim como a mulher deseja ser um eletrodoméstico, um 'avião', peituda, bunduda, o homem quer ser uma metralhadora, uma Ferrari, um torpedo inteligente e, mais que tudo, um grande pênis voador sem flacidez e angústias. Confundimos nosso destino com o destino das coisas...
Felicidade não é mais lenta ou contemplativa - é velocidade.
O mundo veloz da internet, do celular, do mercado financeiro nos imprimiu um ritmo incessante, uma gincana contra a idéia da morte ou da velhice, melhor dizendo, contra a obsolescência do produto ou a corrosão dos materiais.
Somos 'felizes' dentro de um chiqueirinho de irrelevâncias, bagatelas, mixarias. Uma alegria para nada, para rebolar o rabo nas revistas, substituindo o mérito pela fama.
Esta infantilização da felicidade pela mídia se dá num mundo em parafuso de tragédias sem solução, como uma disneylândia cercada de homens-bomba.
Não precisamos fazer ou saber nada, o sujeito só existe se aparecer".



domingo, 28 de outubro de 2007

72) Férias no Rio de Janeiro


Fotos Lugoca




A Baía da Guanabara, Copacabana, e Ipanema continuam divinas. Por incrível que possa parecer para alguns, essas praias mais famosas do mundo estão bem policiadas e limpas.
É possível andar pela areia à noite e tomar uma água de coco no calçadão tranqüilamente.
Ganham com isso os cariocas, os turistas, o Brasil e o mundo.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

71) Rodriguiana

Foto: Berna



"Acho que todo amor é eterno, e,
se acaba, não era amor.
Para mim, o amor continua além da vida,
além da morte.
Digo isso e sinto que
se insinua nas minhas palavras
um ridículo irresistível,
mas vivo a confessar que
o ridículo é umas das
minhas imersões mais válidas".


Nelson Rodrigues (1912 - 1980) - Escritor, dramaturgo e jornalista pernambucano