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Como temos feito quase diariamente,
minha amiga Marisa e eu batemos um longo papo
ontem e chegamos a algumas conclusões meio filosóficas
sobre a nossa geração
e outras que vieram antes de nós.
Parece papo-cabeça, mas é até meio óbvio.
Na verdade, acho que nós duas já pensávamos assim,
mas nunca falamos com clareza sobre isso.
Concluímos, então, que mulheres que
estão perto dos 40 ou têm mais que isso,
se não passaram nunca por algum tipo
de análise ou terapia, costumam enfrentar
mais dificuldades nos envolvimentos emocionais.
E achamos isso baseadas nas nossas próprias experiências.
Só que, felizmente, ambas gastamos
tempo e dinheiro com terapia,
que considero o melhor investimento
que alguém pode fazer em si mesmo.
Costumo dizer que freqüentar um terapeuta
é como fazer um curso de pós-graduação.
Abre horizontes e possibilidades
em todas as esferas da nossa vida.
A gente conversou que muitas de nós somos
filhas de pais que costumavam levar
o casamento a qualquer custo.
Separação era algo inconcebível.
Pegava mal.
O melhor era suportar o outro pelo resto da vida.
Nos casos das nossas mães,
muitas podiam até nem amar mais seus maridos,
mas desenvolviam uma espécie de dependência
deles que as fazia acreditar que era o maior amor do mundo.
Sem o qual não sobreviveriam.
E muitas de nós 'herdamos',
aprendemos a viver assim.
Muitas de nós têm dificuldades
homéricas de deixar relacionamentos,
muitas vezes, irremediavelmente fadados ao sofrimento.
E isso não vale só para relação homem/mulher, não.
Às vezes, é claro que o sentimento que
nos une a alguém já não é, ou nunca foi, amor,
mas insistimos e sofremos e choramos e grudamos
na história como se não pudéssemos construir outra.
Mas quando a gente abre os horizontes emocionais,
percebe que a história pode e deve ser reconstruída sempre.
Que repetição do que é ruim é puro erro.
É não dar conta de ser feliz.