Entra ano, sai ano e continuo a mesma bobona sensível.
Nem todos os momentos em contato com as notícias mais terríveis me fizeram ficar forte nesse aspecto.
Para alguns, isso não é de todo ruim, porque significaria que consegui manter a sensibilidade, apesar de ser 'testemunha ocular' de tantas agruras diárias.
Verdade é que ontem, no oitavo dia deste novo ano, ouvi no rádio que um escoteiro teria arriscado a vida para salvar o presidente das Ilhas Maldivas, assim meio de repente.
Acreditam que arrepiei e quase chorei com isso?
Primeiro, pensei: Meu Deus, não é que os escoteiros ainda existem mesmo? (Como se eu não tivesse certeza dessa existência. Afinal, minha ex-colega Adriana, na Ciência da Informação, desenvolveu tese de doutorado sobre eles).
Depois, esqueci o escoteiro e me deparei com a forte idéia de que alguém, seja lá quem for, tenha arriscado a própria vida para salvar outra.
A partir daí, minha viagem na maionese foi incontrolável.
Retornei a uma mesa de bar, freqüentada dias atrás, quando meu amigo Miguel quase me convenceu de que crianças que, como eu, subiram em árvores, tomaram leite ao pé da vaca e tinham paixão pela vovó eram pessoas apenas diferentes das que hoje só conhecem computador e nem perdem tempo procurando saber, pelo Google, é claro, que bicho é a vaca.
No momento em que ouvi as conjecturas do Miguel, depois de alguns chopes claros e escuros, tendi a concordar com ele, tentando ser fiel à minha alma aberta e democrática. Ontem, quando soube da história do escoteiro que salvou o presidente das Maldivas, tudo isso me voltou à cabeça e mudei de idéia. Pelo menos, fiquei confusa.
Será que alguém pode ser feliz e sensível de verdade sem ter se submetido por inteiro aos carinhos da vovó?
Será que essa meninada que não sabe como é a coceirinha de se sentar à grama nem a dorzinha de ralar o joelho subindo em árvore detestaria essas experiências realmente naturais?
Quem vai saber?
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