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sábado, 20 de fevereiro de 2010

268) A todas as mães que ainda tenho

Foto Lugoca



Era uma mulher como todas as outras
de sua geração: teve os dois filhos cedo,
se separou ainda jovem, namorou outros
homens, mas não se casou de novo.
Enfrentou preconceitos, quando
ser separar era uma ferida exposta
para a sociedade. Chorou abraçada
ao travesseiro, criou os filhos aos trancos
e barrancos, sozinha, como todas as outras.

Eles estudaram, se formaram, se foram.
A filha fez uma produção independente,
lhe deu um neto e voltou pra casa,
fazendo a família crescer.
O filho se casou, mudou de país,
se separou, voltou ao Brasil, voltou pra casa.

A casa agora tem filhos, netos, cachorros,
papagaios, passarinhos e ela, perto dos 60.
Jovem ainda e quase na melhor idade para
os preconceituosos de plantão, os machistas
que só enquadram as mulheres nesses padrões,
quando são limitadores.

Há muito abandonou os namorados.
Anda se sentindo velha, apesar do corpo
em forma e do papo interessante sempre
na ponta da língua, fruto de todos estes anos
de rica experiência e do hábito apaixonante
de ler dezenas de livros anualmente.

Vida sexual? Só nos filmes, nos livros, nas novelas...
É o que ela diz quando questionada, afinal, é tão
jovem, tão elegante, tão interessante, agradável...

Apesar de ainda trabalhar fora, planeja
se aposentar breve e dedicar ainda mais tempo
à casa, aos netos, filhos, cachorros, papagaios,
passarinhos, livros, filmes, novelas...



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