Gente que veio, gostou e sempre que pode dá uma passadinha por aqui

sábado, 27 de março de 2010

273) O descanso de Isabella...

Foto Lugoca



Em 17 de abril de 2008, postei neste blog
o texto A morte de Isabella, tão despretencioso
quanto todos os outros que aqui escrevo, sobre
o assassinato da menina Isabella Nardoni, em
29 de março de 2008, que tinha 5 anos à época.
Os suspeitos, seu pai, Alexandre Nardoni, e a
madrasta, Anna Carolina Jatobá, presos desde
poucos dias depois, foram condenados na
madrugada de hoje, como quase todos já sabem,
a 31 e 26 anos de prisão, respectivamente, em
regime fechado, e terão que cumprir, inicialmente,
no mínimo, 2/3 da pena, por se tratar de crime
hediondo.
Como alguém que acompanha o caso desde o
começo, confesso que estava confiante,
nesta semana, ao longo do julgamento,
em São Paulo, cidade na qual ocorreu
o crime, na condenação do casal
por unanimidade.
Mas achei muito sensata a atitude do juiz
Maurício Fossen de, depois do voto do quarto
dos sete jurados pela condenação, dispensar
a 'opinião' dos demais componentes do júri,
na expectativa de garantir o sigilo dos votos.
Na visão do juiz, se a maioria já havia votado
pela condenação, melhor seria que ficasse a
dúvida sobre que jurados haviam condenado
Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá.






terça-feira, 23 de março de 2010

272) De volta

Foto Lugoca




Andaram reclamando do meu sumiço daqui
e reconheço que não foi boa coisa,
porque, mesmo que não deixem recados,
sei que tenho amigos queridos que entram
neste blog de vez em quando pra dar
uma espiada e saber a quantas anda
o meu ânimo, já que minha alma
transparece no que escrevo.
Portanto, saibam que estou bem,
com saudade de todos, até dos que
vejo diariamente.
Saudade de ter mais tempo para
bate-papos desestressantes,
para trocas de carinho necessárias
ao bom andamento desta caminhada
rápida, em que atropelamos os dias
quase sem poder olhar nos olhos
de quem nos é caro, de pessoas com
as quais dividimos sonhos, crenças,
esperanças...





quarta-feira, 10 de março de 2010

271) Descobertas

Foto Lugoca



Encaro um momento da vida
em que faço um inventário,
descubro detalhes de uma herança
cultivada por décadas
e guardada em um baú que só agora
consigo abrir e desvendar, desvelar,
desfrutar, depois de alguns percalços.
E eis que me deparo com uma riqueza
que já sabia possuir, mas da qual
me esqueçera, me distanciara.
Sou portadora da capacidade de
construir laços eternos, verdadeiros,
com pessoas que desfrutam
da mesma capacidade e destreza.
São laços que se afrouxam
de vez em quando,
para que cada um sinta por si
os perfumes dos quatro cantos
deste mundo, mas que não se desfazem
com adversidades e animosidades,
porque foram dados com o coração.
São laços entre pessoas que buscam
se enxergar de verdade antes de
qualquer julgamento.




segunda-feira, 8 de março de 2010

270) Mulheres

Foto: Lugoca




Que todos os dias sejam de respeito
a mulheres guerreiras como as que
amo, amei e amarei vida afora.
(a Lia, Ana e Luisa, meus amores eternos)





quarta-feira, 3 de março de 2010

269) A vida apenas...

Foto Lugoca



Chega um tempo em que não se diz mais:
meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões
dentro dos edifícios provam apenas
que a vida prossegue e nem todos
se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Carlos Drummond de Andrade