Gente que veio, gostou e sempre que pode dá uma passadinha por aqui

terça-feira, 30 de setembro de 2008

163) Tempo, templo, temo, temos, tenro, terno...

Foto Lugoca





A gente enche os dias de coisas,
de afazeres, e acredita que é feliz.
Se convence de que o tempo é curto
porque há muito o que apreender.
Anda correndo pelas ruas,
observando tudo pela metade e
imaginando que mais tarde, ou
em um outro dia, voltará ali pra
interagir com aquelas coisas e
torná-las inteiras.
Inteirar-se delas.
A gente até se esforça pra
sorrir por dentro também.
Mas só até fecharmos
a porta daquele lugar que
não comporta mais do que
nós e nossos bichos internos.

domingo, 28 de setembro de 2008

162) Certezas


Certas certezas,

qualidade do que é certo,

certamente entristecem.


Certas certezas,

conhecimento exato,

firmam a incerteza

na convicção do tato

e na criação das horas.


Certas certezas,

estranhamente corretas,

são flexíveis.

E todas as certezas

são, acertadamente,

incertas.





quarta-feira, 24 de setembro de 2008

161) Estive no paraíso



Samuel e eu chegamos diante
do portão de metal todo fechado,
com uma pequena grade no alto
que permitia ver o outro lado, e,
baixinha, pedi a ele que desse uma
olhada para ver se era o lugar que
procurávamos: um belo jardim,
com uma anunciada energia que
nos enchia de curiosidade.
Ele olhou pela grade, ficou mudo
por alguns segundos, e se virou
pra mim com os olhinhos brilhando:
"É o céu!"
Só não pedi pra ele me suspender
para que eu visse o paraíso
porque logo, logo o portão foi
aberto e, com uma força quase
inacreditável, fomos invadidos
pelo cheiro doce das incontáveis
espécies de flores, da jabuticabeira
e da parreira.
Estávamos no jardim da dona Julinha,
em busca da felicidade.
E depois de tudo isso,
ainda recebi esta mensagem
da minha amiga Marisa,
que amo muito:
A vida é curta,
quebre as regras,
perdoe rapidamente,
beije demoradamente,
ame verdadeiramente,
ria incontrolavelmente
e nunca deixe de sorrir,
por mais estranho
que seja o motivo.
A vida não pode ser
a festa que esperávamos,
mas, enquanto estamos aqui,
deveríamos ousar mais
nessa busca da felicidade...

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

160) De novo no mesmo dia

Foto: Eu




Nem me lembro de ter postado
duas vezes no mesmo dia
neste blog, mas hoje deu vontade
e pronto.
Aqui está.
Devo admitir que bastante
inspirada por jornalistas.
O que nunca é regra pra mim.
Um deles, o Hebert Xavier, que
me aplicou, no fim de semana,
o som ímpar do Arctic Monkeys,
que estou ouvindo agora.
Muito bom.
Admito que, pra mim,
não tanto quanto o da
Amy Winehouse, que tenho
planos de salvar tanto quanto
a Floresta Amazônica.
Outra inspiração é o blog
da também jornalista Juliana Vilas,
que está linkado entre os que
mais visito, e, que, apesar da minha
suposta pieguice, é puro jornalismo.
É, na realidade, o que o jornalismo
deveria ter preservado da sua
pré-história. Bom demais!!!
O que me faz a cabeça é a arte.
Em letras, cores, formas ou acordes.









159) A hora é agora





O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim:
esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem.

(João Guimarães Rosa)








domingo, 14 de setembro de 2008

158) Se sou feliz?









Que eu continue a acreditar no outro,
mesmo sabendo de alguns valores tão
estranhos que permeiam o mundo!
(Chico Xavier)





quinta-feira, 11 de setembro de 2008

157) Despedida



Divertida e animada a despedida
de nossa colega Karla Mendes,
que está de mudança para o
Planalto Central, onde vai trabalhar
no Correio Braziliense (é com Z mesmo).
Já estamos todos com saudade da
Karlinha, mas torcemos, de coração,
pra que ela faça muito sucesso no DF
e seja feliz na nova empreitada.





domingo, 7 de setembro de 2008

156) Meus amores verdadeiros






A vida me permitiu
três amores correspondidos.
Histórias verdadeiras,
de amor recíproco,
relacionamento por inteiro.
Três amores lindos,
inesquecíveis, com cheiro
de dama da noite.
Porque não persistiram?
Eu arriscaria responder imaturidade,
já que ainda acredito no amor
eterno. E o exemplo que tenho é
daqueles considerados bregas pela
maioria que se intitula intelectual.
Vi um casal de portugueses no programa
do Luciano Huck que está junto há
mais de 60 anos. Eles têm, cada um,
mais de 80. O segredo, confessado no
ar: carinho o tempo todo, admiração,
conquista eterna, cafezinho
na cama e outros e outros carinhos.
Tenho exemplo mais próximo:
meus tios-avós Augusta Carvalho e
Augusto Campomori. Viveram o amor
mais lindo que já conheci. Sem filhos.
Chegaram perto dos 90 cada um.
Não me venham dizer
que Papai Noel não existe,
porque quero morrer acreditando.
Quero morrer dando presentinho
de um mês de namoro e
lembrando todas as datas.
Eu sou assim. Já construi família
com alguém e tivemos uma
cachorrinha como filha.
É difícil alcançar essa meta: é.
Impossível: não.
Segredo não existe. É preciso amar,
em primeiro lugar, a si mesmo, a vida,
a quem está do lado. De resto, é gostar
de estripulias, de arte, da rotina, do novo,
de surpresas... enfim, de viver.

sábado, 6 de setembro de 2008

155) Encontros



Acho difícil que algo tenha
evoluído tanto nos últimos
50 anos quanto a comunicação,
as tecnologias da informação.
Por outro lado, não enxergo
nada que boicote mais os
encontros do que a dificuldade
que temos de nos fazer entender,
de nos comunicar com os outros.
Há ainda, com o tempo real
da informação, certa impaciência
em ouvir, em deixar o outro
se desnudar em palavras.
Julgar pelo que parece
anda cada dia mais fácil.
Pela rapidez com que vamos,
temo pelo futuro.



quinta-feira, 4 de setembro de 2008

154) Olá, tudo bem?

Foto Lugoca








Nas minhas caminhadas
de casa até o trabalho,
costumo cumprimentar
algumas pessoas que venho
encontrando pelo caminho
há quatro anos.
Viraram conhecidos que já
fazem parte do meu dia-a-dia
e com os quais cruzo olhares e
troco sorrisos inevitáveis.
Ao longo da Rua Ceará,
porteiros e vigias de prédios
me dão bom dia, boa tarde,
boa noite.
Na esquina da Ceará com
Santa Rita Durão - nome daquele
inconfidente poeta, que muita
gente jura ter sido uma santa -,
há um senhor, de cabelos brancos
e casaco vermelho, com quem
troco algumas palavras todos
os dias, como se fosse meu velho
conhecido. Ultimamente, ele
até arrisca uns gracejos, ao que
respondo com um sorriso de
quem não está entendendo.
Tem também o engraxate da
Praça ABC, outro senhor, que,
além de cuidar dos sapatos de
quem passa, conserta aquelas
cadeiras de palhinha (ou coisa
parecida). Ele é menos bem
humorado do que o outro, de
casaco vermelho. Às vezes, fico
até tentando imaginar o motivo
de tanta tristeza. O que não é
muito difícil, já que, definitivamente,
velhice e luta pela sobrevivência
não combinam nunca.
E tinha a Iracema - uma mulher
com aparência de 60 anos, mas
que deve ter pouco mais de 40 -,
catadora de papel que dormia na
esquina da Ceará com Afonso Pena.
Foi pra ela que dei a blusa de lã
cinza que herdei da vovô Luisa.
Ao atravessar a Afonso Pena, já
na Getúlio Vargas, encontro o
moço que troca bateria de relógio
e vende algumas bugigangas. É uma
das pessoas mais atenciosas que já
conheci. Aborda todo mundo que
passa com um cumprimento.
Um marqueteiro nato, mas sem
intenções escusas.
Tudo gente. Todos querendo um
minutinho de atenção, de felicidade.
Na verdade, me pego, muitas vezes,
cumprimentando gente que nunca
vi antes. Tenho mania de andar
por aí encarando as pessoas, como
se fosse cumprimentá-las. Às que
correspondem, mando logo um
"tudo bem?", que
nunca é mal recebido.
Coisas de gente verdadeira.