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quarta-feira, 16 de julho de 2008

134) Infância eterna

Foto Lugoca



Minha avó era a pessoa mais linda do mundo.
Pra ela, não tinha tempo ruim.
E é dela que me lembro e nela que
me inspiro pra sempre pegar leve
com a vida.
Nunca a vi reclamar de nada.
Assunto que a aborrecia não fazia
parte da pauta do dia.
Se levantava às 4h30, incrementava
o fogo no fogão à lenha, que passava
a noite em brasas, assava biscoitos
de polvilho, doces e salgados, bolo e
outras guloseimas cujo sabor jamais
vou me esquecer.
Quando os netos se levantavam,
de férias na Fazenda do Cipó,
lá pelas 6h, já havia um copinho
de massa de tomate separado para cada um,
com açúcar, café ou simplesmente vazio.
Aí, depois de saborear todas aquelas
delícias que já estavam sobre a enorme
mesa da cozinha, íamos todos ao curral,
beber leite ao pé-da-vaca, tirado pelo
Fio, da prole da Bechola, que foi babá do
meu irmão, espoleta quando pequenino.
Vovó matava porco sozinha.
Aqueles capados enormes, engordados
na manga a alguns metros da casa, ao
lado do galinheiro.
Me lembro dela abaixada, com aqueles
vestidinhos estampados e os chinelinhos
surrados, toda sorridente, sangrando o
porco sobre umas tábuas, enquanto o
bicho gritava a valer.
Os vegetarianos e ativistas pró-animais
vão querer me matar lendo isso.
Mas na roça sempre foi assim e ainda é.
Ela não estava sorridente de felicidade por
assassinar o bicho, mas por saber que tinha
capacidade de alimentar todos: família,
agregados, amigos que chegassem...
Em 2009, se estivesse ainda entre nós,
vovó Luisa faria 100 anos.






2 comentários:

  1. Zana,
    como você foi capaz de descrever com tanta lealdade a cena... Voltei à fazenda e aos
    velhos tempos de criança. Êta saudade!!!
    bjs,Luisa Lima

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  2. Eu nao vivi as cenas descritas... mas, conhecendo a vovo, pude vivenciar cada cena descrita. Saudades da vovo! Bjos, Zana!

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