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sexta-feira, 11 de abril de 2008

103) Love is just a game???

Foto Lugoca





Para que quem ainda não leu se delicie e reflita e para os que já conhecem possam recordar, tomo a liberdade de repetir abaixo um dos textos mais certeiros e belos que já li, intitulado "Frescobol", do grande Rubem Alves (O Retorno Eterno, Editora Papirus). "Uma lição de convívio para todos aqueles que estão jogando tênis entre quatro paredes".



FRESCOBOL

"O tênis é um jogo feroz.(...)
Joga-se tênis para fazer o outro errar.
O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada - palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico,
que é o de cortar, interromper, derrotar.
O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento
em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário
foi colocado fora de jogo.
Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.
O frescobol se parece muito com o tênis:
dois jogadores, duas raquetes e uma bola.
Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca.
Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito
e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa,
no lugar certo, para que o outro possa pegá-la.
Não existe adversário, porque não há ninguém a ser derrotado.
Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha.
E ninguém fica feliz quando o outro erra -
pois o que se deseja é que ninguém erre.
O erro de um, no frescobol, é como ejaculação precoce:
um acidente lamentável que não deveria ter acontecido,
pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir, ir e vir...
E o que errou pede desculpas;
e o que provocou o erro se sente culpado.
Mas não tem importância:
começa-se de novo esse delicioso jogo
em que ninguém marca pontos...".








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