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quarta-feira, 27 de junho de 2007

48) Você joga frescobol ou tênis com seu amor?

Fotos Lugoca




Peço a quem estiver lendo este texto que vá até o fim, porque vale a pena. Na revista Cláudia desta semana, uma bela matéria, escrita por Martha Medeiros, intitulada "Amor não é competição", fala de algo que tem acontecido com milhares de casais brasileiros e ao redor do mundo: o relacionamento vira cabo-de-guerra. "O que era pra ser cumplicidade, virou competitividade, uma luta diária pra ver quem está com a razão, quem merece mais atenção, quem precisa mais de carinho", diz o texto.
"A competição é o grande motivo dos rompimentos - até mais do que a infidelidade", prossegue a matéria.

Para ilustrar que é possível fazer diferente, a matéria cita o texto "Frescobol", de Rubem Alves (O Retorno Eterno, EditoraPapirus), como "uma lição de convívio para todos aqueles que estão jogando tênis entre quatro paredes".

Em seguida, tomo a liberdade de reproduzir o que escreveu Alves:

"O tênis é um jogo feroz.
(...) Joga-se tênis para fazer o outro errar.
O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada - palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar.
O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.
O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca.
Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado.
Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra - pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é como ejaculação precoce: um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir, ir e vir...
E o que errou pede desculpas; e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo esse delicioso jogo em que ninguém marca pontos...".

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